sábado, 25 de dezembro de 2010

Todas as cartas de amor são ridículas?

...
Aproveita o maresia da saudade pequena, deita em sombra fresca e busca o ritmo sereno do coração, aquele que mantém nossos olhos brilhantes e o largo sorriso desapercebido...aproveita o silencio do sol da manhã, o continuo zunido do mar, a saudade de pluma que o cair da tarde traz, vive os instantes só seus, intensa e alegremente, como faço por aqui, espero vivendo, o momento de te reencontrar...

Beijos longos, desde aqui, até breve, meu amor.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Da arte de viver

A poesia literária está escondida, envergonhada da vida,
que de tão poetizada, superou a poetiza...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Luz e sombra

...na poltrona, depois da chuva, ouvindo o relógio, a geladeira, alguns pássaros distantes, um cão a ladrar e pensamentos que não querem calar,
pensamentos de luz e sombra, memórias de céu e mar, desejo de te abraçar...



Luz e sombra em salvador, dez de 2010.




Ensaio sobre a ternura


As vezes só é necessário o silêncio,
o silêncio ao seu lado,
ao seu lado olhar estrelas.


As vezes a gente acorda querendo que o mundo emudeça,
um só dia mudo da profusão informativa,
dia para apreender somente o arredor.

Dia de degustar a silenciosa ternura dos teus olhos a me observar, nada mais...

ARocha
14/12/10

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Os dias amanhecem em clave de sol

Nua 


Noite
   nubladaNegrAcinzentada
Estrada


cheiro da chuva encruada
farta ventania 
manhã ritmada
...
Revoa
...
Pousa
...
En.canta


...............silenciosa passarada.




Amanhecem singularidades diante das minhas pestanas, ontem um pedaço de céu cinza escancarou suas ventanas para o fogo raiado, o pincel de luz veloz fez tingir certas cores  nos vãos dos vapores suspensos da atmosfera, laranjAvermelhado...cinzAzulado...amarelo-carmim... assim, em vivazes cinzeladas, luz e vento, a poética do movimento à vista traz forma, singelamente transforma tristeza em contente, temor em bravura, suspense em contemplação.
Com delicadeza intensa pouso meus olhos nos varais postos em postes sequenciais, descanso o olhar no instante presente... como fazem os alados pequeninos...acordam devagarinho, voam em companhia a observar o despertar da natureza, revoam e repousam em silêncio, ouvindo o ar assoviar nos tons da clave solar.
Quando o sol sacia seu espreguiçar, dançam aos pares os passarinhos, repousam no peito uns dos outros, beijos bicadinhos, carícias nas penugens do cocuruto...ases alados...indivíduos de grande valor e preponderância estas aves pequeninas.

O tempo pouco passa e parece tanto...inspiro profundo...vi ou vivi uma vida num piscar...ternura...carinho...cuidado ao cultivar...cativar...sintonia...sinfonia a ecoar... 

Olhar além torna o momento presente ainda melhor, na plenitude de quem vivencia o hoje, aprecia o ontem e inventa o amanhã, levanto um vôo diferente a cada dia.

Hoje, acordou em mim um novo encantamento, alheio às paixões imprecisas, desbocadas, extravasadas, d'antes com furor apreciadas.

Fez-se afetiva Alvorada...

Primeira claridade da manhã.
Canto das aves ao amanhecer.
Brisa diante do mar...

Claridade que precede a escuridão da noite...
Escuridão que precede o clarão do dia...
Flor que surge por sobre um ombro...pequeno assombro...

Um vôo diferente por dia, porque a cada manhã os sentidos se revelam mais extensos; os objetivos mais próximos; os detalhes mais precisos; o desejo maior, mais intenso

                                           e algumas pessoas, encantadoramente, mais preciosas...































Limeira em 08 de dezembro de 2010, às 5:45.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Quando a porca torce o rabo,

Quando a porca torce o rabo,
o porco espinha,
a paca se pinica,
o toco come quente.

A porca que se estrumbique pra fazer desse repique um samba de fim contente.

Quando a porca torce o rabo,
trêss tigres tristes comem seus três pratos de trigo torto,
em silêncio profundo.

A porca que dê seus pulos pra fazer dessa tormenta um bom copo de água benta.

Enquanto a porca torce o rabo,
el perro - sin rabo - chora sentido,
marcha soldado cabeça de papel
tropeça no ginete e vai direto pro quartel.

Sim, até Senhor Capitão,
espada na cinta,
chapéu na mão,
enamorado de Pombinha Brancaquestáfazendo,
aquele que cuspia no chão.

Todos se comovem com a coitada da porca de coração emotivo.

Quando a porca torce o rabo não se ouve um piu, um só ruído, não se vê um grão, nem se move uma só palha no vendaval de sertão.

A porca que se ajeite pra fazer deleite desse aleijão.

Ela que se arremate pra fazer fel azedo virar chocolate.

Uni duni tê, salamê minguê,
a porca torceu o rabo,
o escolhido foi você,
prepare a armadura e aqueça um caldo pra comer,
barriga alimentada deixa forte e faz crescer.

Quando a porca torce o rabo,
a coisa é pega pra capar,
não sobra quem conte a história,
nem quem fique pra ajudar.

A porca que se contorça pro seu rabo desentortar.




Enviado via iPhone

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A calada da noite calando o dia...

...o sol se pondo ao sussurro do barro, da terra, da linha do horizonte d'onde o mundo por vezes acaba...medito...lendo meus quase não pensamentos, vem um poeta assoprar-me práná...contemplo o céu a findar a tarde e a lembrança de palavras desatadas...percebo o som do calar da noite calando o dia...ouço uma alegria flutuar no coração...tateio a trama fina da saudade de quem sabe ser feliz...



E segue assim...in continuun, o sussurro que presente então, se fez...

"
Deus disse: Vou ajeitar a você um dom:
Vou pertencer você a uma árvore.
E pertenceu-me.
Escuto o perfume dos rios.
Sei que a voz das águas tem sotaque azul.
Sei botar cílio nos silêncios.
Para encontrar o azul eu uso pássaros.
Só não desejo cair em sensatez.
Não quero a boa razão das coisas.
Quero o feitiço das palavras.


Sentado sobre uma pedra estava o homem desenvolvido a moscas.
Ele me disse, soberano:
Estou a jeito de uma lata, de um cabelo, de um cadarço.
Não tenho mais nenhuma idéia sobre o mundo.
Acho um tanto obtuso ter idéias.
Prefiro vadiagem com letras.
Ao fazer vadiagem com letras posso ver quanto é branco o silêncio do orvalho.


Levei o Rosa na beira dos pássaros que fica no meio da Ilha Lingüística.
Rosa gostava muito de frases em que entrassem
pássaros.
E fez uma na hora:
A tarde está verde no olho das garças.
E completou com Job:
Sabedoria se tira das coisas que não existem.
A tarde verde no olho das garças não existia mas era fonte do ser.
Era poesia.
Era o néctar do ser.
Rosa gostava muito do corpo fônico das palavras.
Veja a palavra bunda, Manoel ela tem um bonito corpo fônico além do
propriamente.
Apresentei-lhe a palavra gravanha.
Por instinto lingüístico achou que gravanha seria um lugar entrançado de espinhos e bem
emprenhado de filhotes de gravatá por baixo. E era.
O que resta de grandezas para nós são os desconheceres – completou.
Para enxergar as coisas sem feitio é preciso não saber nada.
É preciso entrar em estado de árvore.
É preciso entrar em estado de palavra.
Só quem está em estado de palavra pode enxergar as coisas sem feitio."


Manoel de Barros. IN: Retrato do Artista Quando Coisa. 

Sala da Unidade Itapuã, em Salvador.
05/12/2010-intervalo do Curso de sânscrito ...



quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Anoitece na estrada invisível

Entre uma curva e um acalanto
O manto vermelho veste o fim de tarde
Faz-se encanto…


Terra e mar
Sol e pranto
Verso e carícias


Texturas de um jardim inenarrável
... gérberas, rosas e jasmins
Perfume indefectível das damas de entre crepúsculos,
anunciadas pelos clarins...


Cabelos esvoaçantes,
bailam em noites quentes,
trigueiras, alvas e rubras,
com mãos de fadas 'bruxis'.


Estas mulheres, ardentes, febris,
são as sereias do céu,
brincando com os guris,
hipnotizam com seus véus nuvenianos,
os homens que sofrem de saudade.

Pousando em Salvador, 02/12/10 - 18:45.



segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Como pode um peixe vivo viver fora da lagoa? Ou curioso caso de um amor sem fim.

Como o sol desponta no horizonte e continua a iluminar a lua?

As estrelas que saltam céu abaixo, todos os dias, como continuam a se multiplicar?

Os amantes que tanto se entregam, que muito relevam, que sofrem injúrias,
com seus corações partidos, como podem ainda amar?

Os leões, valentões, charlatões, milionários e trabalhadores em seus serões. 

As leoas, gatunas, gatinhas, sereias, dondócas, mulheres de todas as classes, das mais elegantes às desajeitadas. 

Todas amaram e foram amadas
Todos temeram o desconhecido, o sentimento ardido que invade o pensar. 
Foram todos os corações feridos, arranhados, comovidos e ainda assim tornaram a se enamorar. 

Como pode diante de antiga lembrança tanto sentimento se movimentar? 
Comover, despertar...

Me olha, 
Te olho
Sorrimos, abraços de laço apertado, respirado, profundo e desconfiado.
Te olho
Me olha

Como pode tanto tempo ter passado e num momento abreviado tais temidos tremores, suspirados desejos, frio e calor, tanto amor...como pode com tantos acontecimentos, com nosso envelhecimento ainda haver esse palpitar?

Como um novo amor desponta no horizonte e os antigos continuam a brilhar?

domingo, 28 de novembro de 2010

Com tempo para olhar

Espaço para sorrir,
espaço para chorar


Elementar
Água
Terra
Ar

Fogo, 
no olhar
Éter, 
contemplar
...






Londrina
 novembro 2010

Camonice às avessas - para os poetas do romantismo

A poesia da saudade está em sua própria morte,
posto que é no mundo a que mais vezes renasce.
Saudade que não se pode matar é dor, que desatina sem doer,
posto que amar é agir por bem querer.
Saudade de amor que não há como reviver,
esta sim é fogo que arde sem se ver.


Quanto amor morando em mim...Para os meus amigos, parte das mais lindas do que eu mesma tenho me tornado.

Há pouco uma estrela jogou-se constelação abaixo diante dos meus olhos, de repente, como fosse comum fazerem isso urbanamente, durante um olhar distraído, do alto de um arranha-céu, sacada virou balcão de Rapunzel, Julieta e outras tantas sonhadoras.
Nessa noite de lua quarto minguante, cor de fogo, recostada no horizonte, retive no pensamento do instante alegria intensa das que brilham na pele por dias a fio. 
Enquanto o astro luminoso riscava o azul encarnado, desejei ardentemente a desnecessidade do desejar outra coisa, que não o próprio momento, o presente, exatamente ali quis estar, admirando aquela estrela cadente em companhia de olhares outros, de amigos assim, preciosos, de precisa delicadeza nas relações, raros como estrela cadente urbana, cultivados como flor exótica de perfume suave e cor adocicada, a estes, preservo lugar no quarto mais aconchegante do Coração.
Minha juventude bem saboreada, faz hoje presente boa dose de amigos raros, amores intensos e lugares encantados...boa quantia de relações de beleza extrema, um tesouro de valor incontável, afetividade eterna, enraizada, que distância nenhuma desfaz. 
Há um lugar, não lugar, dentro de mim, no qual passeiam as coisas inexplicáveis, 'inteorizáveis', um lugar dos mais encantados, nele mora o saber amar. 
Dele brotam os dias felizes, os amigos constantes, os amores eternos e o fogo que salta do olhar a cada dia em que nasce um novo sol. 


sábado, 27 de novembro de 2010

Tempo presente

Dois tempos
Um de saudade
Um de contentamento
Quando pouco
Quando muito
Vez em quando
Ao mesmo tempo 
Enquanto um tempo voa
um outro leva a eternidade para revelar o próximo sol nascente…

Refúgio londrinense em 26/11/2010



quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ressonância nua

Imagens ecoam na melodia dos pensamentos
sentidos transparentes
diálogo entre movimentos
...
As sonoridades do teu corpo em ressonância com o meu.





Ensaio sobre a memória das sensibilidades e sua sonoridade



 



Desenhos: grafite sobre sulfite e interferências fotográficas -  por Ana Rocha em 24 de novembro de 2010.





terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sobre asas, flores e a existência do infinito.

Encontrando corações no céu,
enamorada do modo mais suave que já se viu,
sentimento intenso, alegre e libertador,
afetividade cultivada com primor.


Amor?
Sujeitobjetosistematizado,
verbo eximido, texto dispensado,
o combinado é ser feliz.

Verso você no pensamento, a todo momento.

Nos vãos de um afazer a outro…
Persiste.
Nas vírgulas, entreatos, movimentos…
Estás.
Nas pausas, respiros, reflexões…
Derivas.


Mergulho, entrelinhas, poesias teatrais,
Resisto assim, um instante mais, um dia e outro e outro…


Quanto mede o tempo pra que eu possa te tocar?
Ouço agora o silêncio da lua gorda e um sonoro temporal,


Revelo à noite galopante este lúcido desejo de estar perto de você…

A Lebre branca

bric-à-brac
revelações pequeninas
lebres de nuvens
nuvens de algodão
olhares da menina
que desvenda o coração.


Sinsinsalabim
misteriosa emoção
acariciar o céu
plantar os pés no chão
vaguear como deleite
aprazer como razão.



Londrina em tarde de segunda-feira dominical.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Delicadamente

Cai a noite mansa e delicadamente bem como saudade antiga, delicadamente permanece enquanto outras começam a nascer.



Estrada de ontem, Campinas-Limeira

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Se tem luar no céu…


O céu sempre surpreende com encanto, as pessoas, vez ou outra fazem riso, fazem mais é pranto,entretanto, se ocasionam pequeno agradável espanto…ah…que doçura no instante se faz reverberar...


Esta é a lua de há poucos instantes, daqui de perto onde estou a trabalhar…

Campinas, 17/11/10 às 19:14

domingo, 14 de novembro de 2010

Na beira da janela da estrada, uma lua enamorada.


Campinas-Limeira, o céu deste instante.

Oração para santa Sininha do poema encaixotado

Lirismo nosso que estais sob véus,
irradiado seja vosso lúmen,
brote de nós vossa delicadeza,
poetizai nossas desavenças,
fazei de cada instante bela florada.

O céu nosso de cada dia revelai hoje,
semeai sua infinitude de estrelas
assim como nós semeamos o desejo de alcançá-las,
nos motiveis a cair em contemplação
e a aprender a voar, amém.

(use com moderação, lembre-se: "cabeça no céu e pés no chão".)

sábado, 13 de novembro de 2010

2 rodas, longa estrada e o cair da noite. 

Decidi viver, sai para resolver coisas de adultos, fazer documentações, emplacamento, abastecer e colocar à prova um certo resquício de apego emotivo que nasceu quando eu ainda era bem pequenina. 
Quatro paradas para pedir informações e chego ao lugar indicado pelo Detran, empurrando a Kansas por dois metros na contramão de uma ruela vazia, 17:02 marcavam os ponteiros inimigos, sim, como sabemos, estes estabelecimentos burocráticos encerram seu dia às 17h.
Inspiro, ajeito os cabelos espalhados pelo capacete há pouco retirado, coloco um bom sorriso amistoso no rosto e continuo caminhando em direção ao senhor que acabava de fechar o portão: - Me diga que cheguei em tempo? - silêncio e cara de quem esperava uma reclamação, outros três que por ali trabalhavam, assistindo à cena, três segundos e todos consentem com sorriso e simpatia...bom humor e boa educação são ferramentas poderosas…tá bom que um rostinho delicado deve ajudar também. :)
Fim da primeira etapa, emplacada! Mais uma informação e sigo avante, algum tempo depois percebo estar no sentido errado da rodovia, retorno não existe, encaro e continuo, direção oposta...duas horas depois, entro em Sao Paulo e inicio o caminho de volta..,
Três horas de viagem, leve hipotermia, tremula, cansada, sozinha entre gigantes kamicasinhoneiros, o sol gostoso do fim de tarde se foi há algum tempo, um músculo fisga na escápula direita, respiro fundo, derreto internamente, sinto dissolver o ponto tenso das costas e a musculatura toda das coxas, depois de um segundo sem pensamento, questiono quantas horas  mais ainda terei de estrada. 
Atenção intensa, retrovisores, ponto cego, luz alta, ultrapassagem, placas, saídas, entradas, distâncias…mãos dormentes, pingos de água caindo minúsculos, céu abaixo…avisto 48km…
Quatro horas de estrada, eu, a Kansas, o monstro lírico que mora em mim e seu espirito aventureiro, instigado por acasos de informações desencontradas, caminhos novos e desconhecidos, uma vontade imensa de reviver sensações que nunca sairão da memória, de andar de moto com papai por dias e dias e jamais me cansar...
Dissolvi todo o apego a essa emoção, parece que era o que faltava, pra de fato seguir em frente, obrigada papai, pelo espirito aventureiro que plantou em mim, ele me faz feliz!
Duas rodas, longa estrada e o cair da noite, espreguiço e lá está ela sorrindo escancarada com seus lábios de lua iluminados...dizendo, segue menina, que o presente é seu melhor amigo, o passado te protege e o futuro te chama, vai e continua assim, sabendo ser feliz, vivenciando o além mar de cada adversidade. 


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Me ajuda a olhar…

Hoje a lua me derreteu com seu sorriso...senti aquela vontade do menino dos 'abracos' a de pedir ajuda para olhar, olhar a dois, mas estava só, eu, a Kansas, uma longa estrada e o sorriso escancarado da lua...boa noite, queridos, espiem o céu antes de fechar os olhos. 

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Declaração de quem te sonha todos os dias



Momento feliz = conjunto de instantes alegres que tenho vivido, muitos deles com você, o que vai no coração agora não tem nome, tem brilho nos olhos, sorriso no rosto e serenidade nas ações, que dizem muito mais.


Como se houvesse aqui mesmo uma eternidade.

Decidi viver, fui caminhar diante do horizonte alto do lugar onde eu moro, nessa paisagem submerge um outro universo e uma entrada para o templo interior. Atravessei a margem densa do concreto, escorregando suave para dentro do meu coração. Passeei sob baixos galhos apinhados com flores amarelas e alí, um beija-flor a dar boas vindas, pousou diante dos meu olhos de modo que pudesse toca-lo, contive o impulso tátil, a intensidade do olhar era já suficiente.
Percebi o pulsar vibrante do mundo à minha volta nas asas insistentes do passarinho e o ritmo sereno da natureza interna, em seu pousar… por um instante, alheia e consciente a tudo, paradoxalmente, pertenci e estive autosuficiente, lapso, sem tempo ou espaço, em um não lugar…

Batendo as asas à velocidade da luz acompanho o pulso urbano dos acontecimentos e pousando duas vezes ao dia para o asseio do templo sagrado que habita em mim, vivo, como se houvesse aqui mesmo uma eternidade.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Um anjo entre.linhas



Um anjo, o homem alado, se encontra diante da palma de suas próprias mãos, com firmes punhos conduz seus dias entre os céus e a Terra,  navega entre a eternidade e o finito instante.

céu da estrada de hoje - Campinas/Limeira





sábado, 6 de novembro de 2010

É bom estar atenta aos próprios desejos,

perceber por onde vão os pensamentos,
que trilhas as sensações percorrem,
os impulsos aos quais o corpo quer se atirar.


São os sonhos de quando estamos acordados que se realizam.





sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Para ser grande, sê inteiro…Para ser livre, sê ético.

Há um tênue limite entre respeito e autorespeito, como quando a moça bonita caminha sobre a corda bamba, um tênue limite entre o céu e o precipício…mantenha-se firme, menina, atenta e confiante, passo a passo sobre o fio e tocará as nuvens.



"Nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és. No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha,
porque alta vive"



Pessoa brinca com minhas emoções, pessoas também, a afetividade é uma séria eterna brincadeira…

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Dia claro dentro da caixinha de pensar.

Acordei como um primeiro céu de primavera, que torna distante os pensamentos gelados da noite.
Lambi a brisa úmida da manhã, retida nos lábios, mirei a luz espelhada dos meus olhos refletidos nos vidros da janela, espreguicei um sorriso gostoso, sentindo a vida fresca circular do coração até as extremidades.
Debruçada sobre o peitoral das emoções presentes, comemorei os raios de sol desenhados entre as nuvens esparsas, agradeci aos abraços fraternos, aos cuidados dedicados, às boas intenções, desejei em dobro e retorno tudo o que tenho desejado por aí, bom sinal, os bons tempos dos últimos anos espelham meus pensamentos…quem sabe a semente que planta, não teme a colheita.


sábado, 30 de outubro de 2010

De quem acorda aos saltos…por não querer parar de sonhar

Noite passada quis estar contigo por tempo incontável,
pensei em assaltar os ponteiros do meu próprio relógio,
invadir um espaço invisível pro resto do universo,
alí, você e eu, pele,respiração e saliva

Ainda antes de amanhecer você veio,
desliguei o primeiro alarme de acordar
pra continuar inspirando a onírica realidade

…as asas dos nossos anjos se acariciaram…

Amanheci como os pássaros, desejosa de melodia,
da música dos teus cílios tocando nos meus,
adivinhando a delicada sensibilidade do querer e se deixar cativar.

Espanto: de fato o meu relógio de pulso parou, enquanto meu desejar pulsava ainda mais intenso.

Percalço descalço: a beira da praia da poesia

Olhos poéticos vêem versos no cimento, no tijolo, no percalço 
Predileção perceptiva diletante
O detalhe faz do ser, poetizante. 

Deixar-se inspirar pelo indelével decorrer
Fruir fluir planar suspender

Olhar para o mar não pode ser poético, se poético é o mar em si e toda a natureza. 

Poetizar mesmo, deve ser semear alegria na árida brutalidade cotidiana e compreender a sutileza da pedra no meio do caminho. 

O mar, o céu, os pássaros, o sol, as árvores, as flores, nuvens, brisa, unicórnio, temporais…nasceram versados, com poesia inerente, alimentos para almas dormentes, para os que perderam seus instintos líricos naturais.

Enquadra o mar, congela-o, pendura na parede e perderá toda realeza que vem do ondular…
Deixa essa foto, vem cá, molha teus pés, pisa na terra arenosa, respira profundo e quando voltar pro concreto, procura a beleza do resto do mundo, vê, há um pequeno mar em cada lugar e há delicado prazer em permanecer a procurar...o agora é a melhor oportunidade. 

sábado, 23 de outubro de 2010

Pequeno discurso emocionado para os formandos 2010 do Método DeRose da Federação do Estado do Paraná

Inicio dedicando estas palavras a todos que se dedicaram generosamente a inventar, organizar e efetivar este momento. Sintam-se carinhosamente abraçados por cada um dos formandos aqui presentes. Visualizaram o abraço? Pronto, nossas mentalizações são poderosas, como sabemos, em pouco tempo esses abraços de fato acontecerão.
Estive passeando pelos recantos encantados da sensibilidade criativa, enquanto pensava em palavras que pudessem transmitir um ínfimo da sensação de cada um de nós, formandos do Método DeRose da Federação do Estado do Paraná.
Desejava fazer um belo discurso, mas quando pauso outros pensamentos para perceber o que me traz à mente esta ocasião, o raciocínio cessa e vem à tona a emoção.
Inspiro e entrego à oratória, o dom da expressão, pois neste caso, o sentimento profundo esbanja, se intensifica , supera e desqualifica qualquer técnica literal.
Hoje os pássaros acordaram cantando, me levantaram antes do dia clarear. Hoje, eu acordei sorrindo, foi sereno o despertar, o sol nasceu com um ‘Q’ a mais, uma cor a mais, um vislumbre a mais; o que se deu, sei bem, acordei assim: com uma alegria a mais dentro de mim.
A intenção é compartilhar uma história constituída por várias; pequena parte, a muitos olhos, invisível, da trajetória que nos trouxe até aqui. Esta cerimônia concede forma e cor às escolhas às quais nos dedicamos, registra solenemente nossa superlativa seriedade para com nossos ideais.
Chegamos aqui confiantes na força do sentimento gregário, que nos acolhe e impulsiona, ao alto e avante, sempre em companhia da alegria sincera, confirmamos e comemoramos diante de tantas pessoas queridas, as novas atitudes conquistadas, o movimento natural que nos conduz ao aprimoramento constante em um espaço infinito de possibilidades ainda inexploradas. Registrada, parte dessa trilha, continuemos seguindo a meta consequente, ao hiperconsciente, à inevitável felicidade.
Vamos - ainda que de corpos distantes - de mãos dadas, olhos atentos, alma leve, mente clara e coração sereno, nosso primeiro aprendizado é o próprio caminhar...
Trazemos à formatura, a confirmação do compromisso em difundir a filosofia vivencial na qual nos reconhecemos, de galgar desbravadoramente em direção a grandes realizações, à contínua transmutação do comportamento, da percepção, aprimorando aos pouquinhos, dia a dia, nossa capacidade de relação, aprendendo e ensinando, participando ativamente, estando plenos e presentes no movimento todo da natureza do Ser, vivenciando a exemplo de nosso Mestre, DeRose, tão amado e de todos aqueles que nos precederam, essa maravilha que é encontrar um lugar ao sol.
Das dificuldades - se alguém questiona – ah, as dificuldades...para todos, como flores, pedras também vieram e destes momentos guardamos a força acumulada da auto-superação.
Ainda que antes soubéssemos, das dificuldades, cá estaríamos, pois aprendemos depressa que “o problema é o preâmbulo da solução.”
Afinal, quem disse que viver é fácil?


Declaro, agora, este contexto, eis o nosso contentamento:


Ser forte nos momentos frágeis;
ser doce quando a vida aperta;
ser ágil se o mundo parece desmoronar.


Contemplar o mar ou o céu todos os dias;
sentir o sol ou a brisa na pele;
sorrir se necessário e também quando não.


Ouvir com verdade o coração,
que ele é a ampulheta da vida,
a bússola da navegação.


Ninguém disse que seria fácil,
mas retrato nosso apreço, nosso espanto,
superar é essencial.


Assim, sigo firme,
(mesmo que as vezes chore)
vou à rua, contemplo a lua e sinto uma brisa de saudade.


Saudade é bom sinal,
contas das boas coisas vividas,
evidencia nossa superlativa potência para produzir dias felizes.


nos tornamos as ondas do mar que insistentemente continuarão subindo pelas areias,


com força infinita,
coragem vibrante, 
Bháva, firme intenção, dedicação a contento, com o coração.


A semear
Dias felizes,
amigos constantes,
amores eternos.


A compartilhar
Dias felizes,
amigos constantes,
amores eternos.


Dias felizes,
amigos constantes,
amores eternos,
para todos nós.




Com carinho e gratidão absoluta, por estar me tornando como quisera desde sempre, um beijo e um firme abraço em cada um de vocês, que de longe e de perto participaram da construção deste momento, estiveram todos nos sentimentos desta noite.


Amor eterno;
Ana Rocha.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O desejo de depois…

Como é bom quando a gente se entende, até distante.
Sinceridade, carinho, ética e compreensão,
desprendimento, respeito e boa educação,
nada de afetação…ah, que maravilha é crescer.

Doce delicadeza colher os frutos da sensibilidade amadurecida.
Novas floradas nas relações, intenso contato, suave perfume,reverberantes sensações…
A pele aquecida, o olhar penetrante, pequena saudade…
Sob o clarão dessa noite de lua,
um suspiro soturno embala terna lembrança de nós dois,
Num sorriso maroto denuncio o desejo de te ter depois e depois e depois…

e depois…

domingo, 17 de outubro de 2010

As despedidas tornam-se leves na feliz possibilidade do reencontro - Canto para minha morte

Gosto, amor e afeição: qual a possibilidade de discussão? Existem quantos infinitos modos do gostar? Quantas pessoas são malucas por algo a ponto de colecionar variações do mesmo tema ou constantemente trocar isso ou aquilo por um modelo mais potente ou mais recente, loucura pelas roupas do momento, adereços da estação, automóvel do ano e da marca sensação?
Cultivamos um costume bobo de gerar grande afeição por 'entidades' das mais diversas, por alimentos, latinhas, garrafas, livros, cd's, chapéus, tampinhas, selos, cartazes, chaveiros, animaizinhos, bebidas, pinturas, fotografias, quadrinhos, tem sempre aquela coisa pela qual nos empenhamos em aumentar nosso poder aquisitivo. 

E você junta seus trocados para que fim?

Vejo paixão e apreço por tudo que é troço no mundo, desde os quatorze anos tenho pensado muito a esse respeito, entre uma relação e outra, na convivência familiar, durante mudanças com mil coisas a empacotar, esse tema da afeição sempre me volta à mente, à vida.

Qual a distância entre o apreço e o apego?

Desde há tempos tenho conduzido minhas atitudes para o desapegar cauteloso, o desapego que liberta, sem abandonar e o apreço que cuida, sem sufocarNesta reta final da terceira década vivida respiro leve, liberta de muitos fios antes invisíveis e desatada de nós incontáveis, durante os últimos 4 ou 5 anos passei efetivamente a liberar espaços nos escombros acessados pela trilha do autoconhecer - lugar de reconhecer, aceitar e transcender.
Alguns saem dos trilhos da emoção e da razão por perder um objeto qualquer desses que são de estimação, ataques de histeria, raiva, estupidez, desgosto, tristeza, insensatez, ocorrem a todo momento, por um carro riscado, por um copo quebrado, por um troco perdido, um treco quebrado...quanto desgaste por miudezas às quais nos apegamos com a profundidade de nossas almas, eu mesma já o fiz um dia...para quê?
Transformar tais atitudes, que inicialmente nos parecem incontroláveis, pode ser mais fácil do que se imagina, basta de início, um bom tanto de vontade e outro de paciência, tudo é questão de negociação e de tempo. 
Digo a mim: gerencie seus desejos, organize seus pertences, reavalie as necessidades em relação às suas metas...pare tudo o que estiver fazendo e trace suas metas se ainda não as tem...se não souber aonde quer chegar, retornará eternamente ao mesmo lugar...reavalie todas elas de tempos em tempos, irá se surpreender com as realizações, que quando ocorrem, nem se dá conta de que outrora estava a desejar aquilo ardentemente...cuidado com os seus desejos, eles se realizam.
Dia 17 de setembro de 2010, aniversariei uma grande despedida, debutei a falta de um ser no qual me refleti sem nem mesmo saber, nessa comemoração, apenas silenciei por dentro alguns instantes e continuei desenhando o dia, completei as provas e práticas da revalidação do certificado como instrutora do Método DeRose, em Curitiba, curti os amigos queridos que vejo apenas de tempos em tempos e adiei a reflexão.
Hoje, 17 de outubro, um sussurrar acariciou meu coração...num domingo alegre, aventureiro, familiar, descontraído, passeado, colorido, ensolarado e nublado, quente e gelado, reflexivo, encantador, vibrante, perfumado, apaixonado...um domingo de intensas sensações, todas elas me levando a voar... a voltar a pensar sobre asas e flores...

Se por desventura, em seus braços um ente querido abandonar o corpo e repousar eternamente o coração, os objetos já não terão tanto valor, as coleções já não não farão o mesmo sentido, o essencial, tornar-se-a visível na ligeireza desse triste-vazio instante

...antes da morte do papai acontecer eu já era fã dessa música (abaixo) do Raulzito, compreendi depois a razão de ter sempre vontade de despedidas felizes, ainda que nem sempre conseguisse...hoje há quinze anos de conversas com as estrelas, porque foi lá que papai me disse que moraria, passei a ter gosto pelas pessoas e por nossas relações, desejo sempre estar presente quando assim estou, se oferecer um carinho, um beijo, um abraço, quero fazê-lo de corpo inteiro, fazer-me inteira presente no instante, estando...comigo, consigo... estando onde a intenção desejar estar...com vagar, a contemplar...


"Eu sei que determinada rua que eu já passei, não tornará a ouvir o som dos meus passos. Tem uma revista que eu guardo há muitos anos e que nunca mais eu vou abrir. Cada vez que eu me despeço de uma pessoa, pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez. A morte, surda, caminha ao meu lado e eu não sei em que esquina ela vai me beijar."