sábado, 30 de outubro de 2010

De quem acorda aos saltos…por não querer parar de sonhar

Noite passada quis estar contigo por tempo incontável,
pensei em assaltar os ponteiros do meu próprio relógio,
invadir um espaço invisível pro resto do universo,
alí, você e eu, pele,respiração e saliva

Ainda antes de amanhecer você veio,
desliguei o primeiro alarme de acordar
pra continuar inspirando a onírica realidade

…as asas dos nossos anjos se acariciaram…

Amanheci como os pássaros, desejosa de melodia,
da música dos teus cílios tocando nos meus,
adivinhando a delicada sensibilidade do querer e se deixar cativar.

Espanto: de fato o meu relógio de pulso parou, enquanto meu desejar pulsava ainda mais intenso.

Percalço descalço: a beira da praia da poesia

Olhos poéticos vêem versos no cimento, no tijolo, no percalço 
Predileção perceptiva diletante
O detalhe faz do ser, poetizante. 

Deixar-se inspirar pelo indelével decorrer
Fruir fluir planar suspender

Olhar para o mar não pode ser poético, se poético é o mar em si e toda a natureza. 

Poetizar mesmo, deve ser semear alegria na árida brutalidade cotidiana e compreender a sutileza da pedra no meio do caminho. 

O mar, o céu, os pássaros, o sol, as árvores, as flores, nuvens, brisa, unicórnio, temporais…nasceram versados, com poesia inerente, alimentos para almas dormentes, para os que perderam seus instintos líricos naturais.

Enquadra o mar, congela-o, pendura na parede e perderá toda realeza que vem do ondular…
Deixa essa foto, vem cá, molha teus pés, pisa na terra arenosa, respira profundo e quando voltar pro concreto, procura a beleza do resto do mundo, vê, há um pequeno mar em cada lugar e há delicado prazer em permanecer a procurar...o agora é a melhor oportunidade. 

sábado, 23 de outubro de 2010

Pequeno discurso emocionado para os formandos 2010 do Método DeRose da Federação do Estado do Paraná

Inicio dedicando estas palavras a todos que se dedicaram generosamente a inventar, organizar e efetivar este momento. Sintam-se carinhosamente abraçados por cada um dos formandos aqui presentes. Visualizaram o abraço? Pronto, nossas mentalizações são poderosas, como sabemos, em pouco tempo esses abraços de fato acontecerão.
Estive passeando pelos recantos encantados da sensibilidade criativa, enquanto pensava em palavras que pudessem transmitir um ínfimo da sensação de cada um de nós, formandos do Método DeRose da Federação do Estado do Paraná.
Desejava fazer um belo discurso, mas quando pauso outros pensamentos para perceber o que me traz à mente esta ocasião, o raciocínio cessa e vem à tona a emoção.
Inspiro e entrego à oratória, o dom da expressão, pois neste caso, o sentimento profundo esbanja, se intensifica , supera e desqualifica qualquer técnica literal.
Hoje os pássaros acordaram cantando, me levantaram antes do dia clarear. Hoje, eu acordei sorrindo, foi sereno o despertar, o sol nasceu com um ‘Q’ a mais, uma cor a mais, um vislumbre a mais; o que se deu, sei bem, acordei assim: com uma alegria a mais dentro de mim.
A intenção é compartilhar uma história constituída por várias; pequena parte, a muitos olhos, invisível, da trajetória que nos trouxe até aqui. Esta cerimônia concede forma e cor às escolhas às quais nos dedicamos, registra solenemente nossa superlativa seriedade para com nossos ideais.
Chegamos aqui confiantes na força do sentimento gregário, que nos acolhe e impulsiona, ao alto e avante, sempre em companhia da alegria sincera, confirmamos e comemoramos diante de tantas pessoas queridas, as novas atitudes conquistadas, o movimento natural que nos conduz ao aprimoramento constante em um espaço infinito de possibilidades ainda inexploradas. Registrada, parte dessa trilha, continuemos seguindo a meta consequente, ao hiperconsciente, à inevitável felicidade.
Vamos - ainda que de corpos distantes - de mãos dadas, olhos atentos, alma leve, mente clara e coração sereno, nosso primeiro aprendizado é o próprio caminhar...
Trazemos à formatura, a confirmação do compromisso em difundir a filosofia vivencial na qual nos reconhecemos, de galgar desbravadoramente em direção a grandes realizações, à contínua transmutação do comportamento, da percepção, aprimorando aos pouquinhos, dia a dia, nossa capacidade de relação, aprendendo e ensinando, participando ativamente, estando plenos e presentes no movimento todo da natureza do Ser, vivenciando a exemplo de nosso Mestre, DeRose, tão amado e de todos aqueles que nos precederam, essa maravilha que é encontrar um lugar ao sol.
Das dificuldades - se alguém questiona – ah, as dificuldades...para todos, como flores, pedras também vieram e destes momentos guardamos a força acumulada da auto-superação.
Ainda que antes soubéssemos, das dificuldades, cá estaríamos, pois aprendemos depressa que “o problema é o preâmbulo da solução.”
Afinal, quem disse que viver é fácil?


Declaro, agora, este contexto, eis o nosso contentamento:


Ser forte nos momentos frágeis;
ser doce quando a vida aperta;
ser ágil se o mundo parece desmoronar.


Contemplar o mar ou o céu todos os dias;
sentir o sol ou a brisa na pele;
sorrir se necessário e também quando não.


Ouvir com verdade o coração,
que ele é a ampulheta da vida,
a bússola da navegação.


Ninguém disse que seria fácil,
mas retrato nosso apreço, nosso espanto,
superar é essencial.


Assim, sigo firme,
(mesmo que as vezes chore)
vou à rua, contemplo a lua e sinto uma brisa de saudade.


Saudade é bom sinal,
contas das boas coisas vividas,
evidencia nossa superlativa potência para produzir dias felizes.


nos tornamos as ondas do mar que insistentemente continuarão subindo pelas areias,


com força infinita,
coragem vibrante, 
Bháva, firme intenção, dedicação a contento, com o coração.


A semear
Dias felizes,
amigos constantes,
amores eternos.


A compartilhar
Dias felizes,
amigos constantes,
amores eternos.


Dias felizes,
amigos constantes,
amores eternos,
para todos nós.




Com carinho e gratidão absoluta, por estar me tornando como quisera desde sempre, um beijo e um firme abraço em cada um de vocês, que de longe e de perto participaram da construção deste momento, estiveram todos nos sentimentos desta noite.


Amor eterno;
Ana Rocha.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O desejo de depois…

Como é bom quando a gente se entende, até distante.
Sinceridade, carinho, ética e compreensão,
desprendimento, respeito e boa educação,
nada de afetação…ah, que maravilha é crescer.

Doce delicadeza colher os frutos da sensibilidade amadurecida.
Novas floradas nas relações, intenso contato, suave perfume,reverberantes sensações…
A pele aquecida, o olhar penetrante, pequena saudade…
Sob o clarão dessa noite de lua,
um suspiro soturno embala terna lembrança de nós dois,
Num sorriso maroto denuncio o desejo de te ter depois e depois e depois…

e depois…

domingo, 17 de outubro de 2010

As despedidas tornam-se leves na feliz possibilidade do reencontro - Canto para minha morte

Gosto, amor e afeição: qual a possibilidade de discussão? Existem quantos infinitos modos do gostar? Quantas pessoas são malucas por algo a ponto de colecionar variações do mesmo tema ou constantemente trocar isso ou aquilo por um modelo mais potente ou mais recente, loucura pelas roupas do momento, adereços da estação, automóvel do ano e da marca sensação?
Cultivamos um costume bobo de gerar grande afeição por 'entidades' das mais diversas, por alimentos, latinhas, garrafas, livros, cd's, chapéus, tampinhas, selos, cartazes, chaveiros, animaizinhos, bebidas, pinturas, fotografias, quadrinhos, tem sempre aquela coisa pela qual nos empenhamos em aumentar nosso poder aquisitivo. 

E você junta seus trocados para que fim?

Vejo paixão e apreço por tudo que é troço no mundo, desde os quatorze anos tenho pensado muito a esse respeito, entre uma relação e outra, na convivência familiar, durante mudanças com mil coisas a empacotar, esse tema da afeição sempre me volta à mente, à vida.

Qual a distância entre o apreço e o apego?

Desde há tempos tenho conduzido minhas atitudes para o desapegar cauteloso, o desapego que liberta, sem abandonar e o apreço que cuida, sem sufocarNesta reta final da terceira década vivida respiro leve, liberta de muitos fios antes invisíveis e desatada de nós incontáveis, durante os últimos 4 ou 5 anos passei efetivamente a liberar espaços nos escombros acessados pela trilha do autoconhecer - lugar de reconhecer, aceitar e transcender.
Alguns saem dos trilhos da emoção e da razão por perder um objeto qualquer desses que são de estimação, ataques de histeria, raiva, estupidez, desgosto, tristeza, insensatez, ocorrem a todo momento, por um carro riscado, por um copo quebrado, por um troco perdido, um treco quebrado...quanto desgaste por miudezas às quais nos apegamos com a profundidade de nossas almas, eu mesma já o fiz um dia...para quê?
Transformar tais atitudes, que inicialmente nos parecem incontroláveis, pode ser mais fácil do que se imagina, basta de início, um bom tanto de vontade e outro de paciência, tudo é questão de negociação e de tempo. 
Digo a mim: gerencie seus desejos, organize seus pertences, reavalie as necessidades em relação às suas metas...pare tudo o que estiver fazendo e trace suas metas se ainda não as tem...se não souber aonde quer chegar, retornará eternamente ao mesmo lugar...reavalie todas elas de tempos em tempos, irá se surpreender com as realizações, que quando ocorrem, nem se dá conta de que outrora estava a desejar aquilo ardentemente...cuidado com os seus desejos, eles se realizam.
Dia 17 de setembro de 2010, aniversariei uma grande despedida, debutei a falta de um ser no qual me refleti sem nem mesmo saber, nessa comemoração, apenas silenciei por dentro alguns instantes e continuei desenhando o dia, completei as provas e práticas da revalidação do certificado como instrutora do Método DeRose, em Curitiba, curti os amigos queridos que vejo apenas de tempos em tempos e adiei a reflexão.
Hoje, 17 de outubro, um sussurrar acariciou meu coração...num domingo alegre, aventureiro, familiar, descontraído, passeado, colorido, ensolarado e nublado, quente e gelado, reflexivo, encantador, vibrante, perfumado, apaixonado...um domingo de intensas sensações, todas elas me levando a voar... a voltar a pensar sobre asas e flores...

Se por desventura, em seus braços um ente querido abandonar o corpo e repousar eternamente o coração, os objetos já não terão tanto valor, as coleções já não não farão o mesmo sentido, o essencial, tornar-se-a visível na ligeireza desse triste-vazio instante

...antes da morte do papai acontecer eu já era fã dessa música (abaixo) do Raulzito, compreendi depois a razão de ter sempre vontade de despedidas felizes, ainda que nem sempre conseguisse...hoje há quinze anos de conversas com as estrelas, porque foi lá que papai me disse que moraria, passei a ter gosto pelas pessoas e por nossas relações, desejo sempre estar presente quando assim estou, se oferecer um carinho, um beijo, um abraço, quero fazê-lo de corpo inteiro, fazer-me inteira presente no instante, estando...comigo, consigo... estando onde a intenção desejar estar...com vagar, a contemplar...


"Eu sei que determinada rua que eu já passei, não tornará a ouvir o som dos meus passos. Tem uma revista que eu guardo há muitos anos e que nunca mais eu vou abrir. Cada vez que eu me despeço de uma pessoa, pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez. A morte, surda, caminha ao meu lado e eu não sei em que esquina ela vai me beijar." 

Domingo eu quero ver o dia inteiro passando com vagar, navegando no mar das boas lembranças

Amanhece dominicalmente, a gente espreguiça, da bobeira, o cachorro rouba o travesseiro, expulsa a dona pro chuveiro, alguém se encoraja e arreganha as cortinas, o sol vem raiar com seu jeito de sorrir e dizer bom dia quando o convidam a entrar.
Já mais atentas depois de esticar alguns minutos no colchão, reparamos que dormimos de relógio em punho, risos, tentamos durante a madrugada, segurar os ponteiros dos minutos, fazer o tempo dormir, atrasar a hora do adiantado horário de verão que saltou da meia noite para uma, tentamos e ao tentar estivemos atentas a cada segundo, os poucos dias que passamos juntas constroem assim, uma vida inteira, um carinho inteiro, uma presença inteira mesmo quando distantes.

Quando Rafaella tinha uns quatro aninhos, alguém resolveu esclarecer à pequena, não sei por qual estúpida razão, que eu era sua meia irmã, assim como os outros irmãos, a pequena com olhos chorosos resmungou: mentira, não quero só metade da minha Nina...e derramou-se em lágrimas desejando a irmã inteira, a que brinca, pula, briga, compartilha, entende, aconselha , a que sendo adulto sabe se fazer criança, a sua irmã sem ser meia, sua Nina inteira irmã.
Nada mais acalentava o disparado desespero do coração partido da criança, o sentimento de perda  que latejava nas palavras infantis inconformadas, misturadas à chuva que escorria pelo rosto.
Numa cidade distante, atendo ao telefone, ouço um som de choramingar, colocam a pequena na linha, pra Nina tentar acalmar, aos  soluços tristonhos me derrama seu pavor, e questiona  com esperança aflita: 

 - Nina, você pode ser minha irmã inteira? Eu não queria que fosse metade...                        

E tudo ainda é festa durante o café matinal dominical, tudo é latente, tudo é memória, a presença é inteira no estado consistente de quem está contente.

















Hoje, antes do café matinal. Rafica, Nina e Mel (em todo lugar, a saltitar).

Sobre Criar Laços...como sobre asas e flores...

Sem nós, pontos ou linhas emaranhadas, criar laços é expresão nobre que descreve relações das que dizemos 'deliciosas', afetividade sem vício, sem cegas fronteiras, convívio andante ao compasso natural do mundo, que dá seus trancos por vezes, contudo retoma o prumo e refaz a harmonia, naquele dito do nada se cria, relações afetivas saudáveis estão sempre a se reciclar, a inventar seu jeito único de conquistar...em que dois bailam serenamente no mesmo compasso...

Laços fazem relações infinitas,
mesmo puxando as pontas,
voltando à forma de fita,
guardam a possibilidade de ressurgir.

"...começo a entender, existe uma flor, eu creio que ela me cativou..."

"[...] Foi o principezinho rever as rosas e concluiu que a sua era unica no mundo [...] eis o meu segredo, é muito simples, só se vê bem com o coração, o essencial é invisível para os olhos [...]" Saint Exupery

 
Os grande autores serão sempre os grandes autores, como os nobres gestos, ambos sempre a extasiar-me...

Como da plantação do trigo dourado registrou a Raposa, os cabelos dourados do Pequeno Príncipe, da cor vibrante da Rosa, memorizei a intensidade do teu olhar...que mesmo sem a presença da Rosa, 'vem aqui, me visitar'.

E por falar em Saudade...

expressão intensa do desejo da presença/
vontade que a memória tem de vir à tona na pele/
querer ardentemente presentificar sensações, outrora conhecidas/
necessidade de um instante improvável,  já que o de ontem ainda que possa parecer o mesmo,
será sempre novo,
novo estar,
novo alguém,
novo lugar,
nova canção a tocar,
tudo novoevelhoenovoevelho a cada tictac...tic-tac.

Nada se repete plenamente, contudo, o gostinho do revisitar muitas vezes faz-se encantador, se lá está o essencial, o coração revive, tráz junto ao novo o antigo mesmo amor, em um abraço, um suspiro, no tom da voz (mesmo à distância), um perfume que paira no ar, uma música em mente ao acordar, poema, filme, pintura ou flor, por um jeitinho, um sorriso, um cafuné...um olhar...

Mas hoje, o que me trouxe um frescor de desfazer saudade, foi dessas que cultiva amor numa lambida ligeira, por alguém que não diz, mas está sempre a demonstrar, na euforia de quem sabe o que é amar (mais que eu ou você). Sinceros serezinhos que ganham persona no nome por nós escolhido, dia abanando o rabinho, dia a se encafuar, mas se lhe nutre um carinho na alma canina (neste caso), ao abrir a porta, ainda que tenhas estado dias ou meses distante, lá estarão seus pulos e arfares, sua lambidas e piruetas, seus olhos brilhantes de quem sente saudades, ainda que não o faça em palavras, lá estará, seu cãozinho a lhe cativar.

Se temos nós o dom do agir, mais o do falar, do escrever ou presentear, o dom de prestar atenção, de cuidar, de ouvir, de acalmar, acariciar, de olhar e sorrir, de nos desculpar, de refletir, compreender, permitir, compartilhar, dom de desenvolver um novo dom quando desejar, o dom de conviver, de respeitar, de estar distante e continuar amando pra quando reencontrar...e tantos outros talentos homo - amabilis - sapiens...porque premer o play e sair dizendo eu te amo enquanto folheia notícias na web, olha para a unha encravada e pensa na balada de amanhã?

(Porque dizer eu te amo apenas dizendo eu te amo? )

Felizes são os que amam e o fazem notar, sem exigir se dispõem a doar...amar, a meu ver, é um ato de generosidade - qualidade de quem liberta e ainda assim, cuida.

E diz, quando as palavras o coração à voz conduz...





















A lambida da canina é o coração desfazendo saudade,
o abraço da menina é o desmoronar da racionalidade do ser...

To be or not to be!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Disperso a esperar por sua voz...

Temática da composição - quando o primeiro poema vira música.

A Partitura é uma pintura matemática
ternurinhas contáveis, pausas e refrão


A Poesia é escultura da gramática
exalando métrica.sinfônica - canção


Posicionam-se os artistas e os encantos
Notas, timbres, claves                            


                                       movimento
                                       emoção


                   Nasce a primeira composição
um viva à parceria da música com a poesia.




Para o querido Andre Bordinhon com seus tons e melodias.



terça-feira, 12 de outubro de 2010

Poeta é a vida, eu sou a poesia

O poema vive a dormir à espera de uma voz
alguma melodia que lhe acorde                       em cantar
acalanto de tonalidade rubi, esmeralda, escarlate, amaranto
ton sur ton.

O poema é um instante que muitos viram e só um viveu.

A ema é uma ave que sabe que lhe falta metade para ser poesia, por isso se esconde sob a terra, tentando pegar o pó e engolir o agudo.

O poema é vida em absurdo ou absurda é minha imaginação?

Gaiola de olhares moralizantes

Amordaçada dos movimentos espontâneos, quando correntes moralistas da inveja da boa liberdade pensou dominar meu ser, passei a dançar nas palavras, voltei a me apaixonar, fugi e  recomecei a viver...

...a parte de mim que escreve é a mesma que faz pulsar o coração, técnicamente incontrolável, se parar, morre.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Vamos falar sobre política: o que é Brasil?

Pensei hoje, ao pensar nas eleições, ao ler as tantas postagens a respeito de política. Talvez me digam que Brasil é diversidade, é mistura, se assim for, nossa missão é aprender a conviver? 
... Brasil é tema abrangente de mais? Que tal Mundo, que tal Homem Humano? 
Falta muito para o ser humano aprender a conviver com ele mesmo, não acha? Que dirá com outras espécies...é pedir demais para o grão de areia que somos nós, para a infinita pequenez de nossos corações humanóides...é sempre pedir demais...porque tem coisas que perdem o sentido se precisam ser pedidas...

Você não precisa ler isso, mas eu precisei escrever, as palavras me libertam.

Queimando as caixinhas de "OU" - Preciso re-conhecer-me em cena, grita a atriz dentro de mim.

Depois que passei a escrever com intensidade e constância não voltei a teatralizar, a escrita, penso ter alterado de forma positiva meu estar em cena, principalmente no que concerne ao uso da voz, das palavras.
O corpo sempre esteve pleno, naquela 'história' de totalidade, integralidade, corpo/mente/coração tudo junto em plena presença no que se está a fazer (isso tudo eu carrego pra vida e tento a todo instante fazer acontecer), mas a voz sempre me tapeou, ela estava quando havia texto alheio em que eu acreditasse e pelo qual me apaixonasse ou em pequenas doses, como esteve, diversas vezes, em criações de irônicos jargões, inventados por mim, quem ouviu se lembrará..."guarda-chuváááá" ou "miniiinu, vem comer, vem..." entre outros que em suas situações criavam universo cômico ou dramático e impregnavam o público por semanas a fio, bem como a mim.
Sempre me impregno pelo que esteve à cena comigo (talvez por isso eu demore a visitar esse lugar dentro de mim, o lugar de quem vai à cena)...é um despir demorado...e um vestir cauteloso, minucioso, apaixonado...perigoso...
A exemplo, a lendária apresentação de " Aquela estrela ou Para quando sentir saudades", na finalização da graduação em Artes Cênicas, encerrou um ciclo e me fez muito feliz pelo grau de presença que conquistei na ação, mas o que poucos ou ninguém sabe é que a decepção esteve presente no que concerne à fala, dos textos criados por meu pai, para quem a cena foi à época (2004) dedicada.
Revendo o trabalho filmado, concentro-me a desvendar os desagrados e encontro meios para transformar até encontrar-me nele novamente...sinto o momento chegar...
Nos improvisos e exercícios, nos treinamentos, a voz nunca vinha...assim como eu escondia as palavras do poema...penso que depois de perder o medo de mostrar os textos, isso deve ter mudado...
Sobre de fato voltar à cena, há algum tempo estou presa em dúvidas e clichês de leituras alheias a respeito do ego...resolvi respirar profundamente as críticas dos não artistas e buscar o anti-ego no modo em que eles acreditavam, me coloquei a experimentar a arte como não ofício...há um longo tempo, não houve 'eu', estive a me abandonar pra encontrar a não atriz, a 'in-presença', o desaparecimento, o desapego de mim...
Hoje me redescubro de modo diverso nessa rejeição do que em princípio fora essencial, sobre o gran clichê de que artistas são sempre egocêntricos, respiro e sinto-me bem, em paz por saber quem sou, aonde desejo estar e os reais motivos de ser tão apaixonada pelo palco, sendo ele de madeira ou de piche, de papel ou de ilusão.

Tenho vivido desde então em espaços alheios...espaços compartilhados, desfazendo-me do meu para aprender o nosso, nos últimos cinco anos abandonei o eu o mais que pude, inclusive a palavra, ao percebê-lá tratava de trocar, mudar o intuito, fazer ação diversa até oposta, ações do nós. 
Abandonei o aconchego de um lar verdadeiro, a possibilidade de sonhar um sonho meu, a conquista de alguns desejos, abri a casa, o coração, a mente, as emoções para aprender como seria não querer mostrar a arte, pois mostrar é egoísta, aparecer é o ego imperando...é?
Cheguei ao ponto de despojar-me de muito, de me perder em desejos e esperanças alheias...

Hoje, sim, hoje mesmo, 11 de outubro de 2010, me vi desaparecer, não há 'eu' como conhecia há cinco anos ao menos, não há mais a atriz que houve, agora pressinto minha existência em-arte nos meus textos, talvez tenha nascido uma poetiza, com o tempo descobriremos. Entretanto aquela voz antes não manifesta, agora vem a me embrulhar o estômago e dar pontapés no fígado, grita internamente pois ousa acreditar que o sussurro não me serve mais...apesar de ter tentado abandoná-la, a atriz, sofregamente respira, suspira e implora:

 - Deixa-me voltar, sua insana, sua louca, mais louca que Sônia de Nelson, mais louca que  todos os intensos loucos da história teatral, louca por sufocar a loucura. Deixa-me fluir, mulher sensata, sensata aos olhos moralizantes do formatado universo das caixinhas de "ou", bom ou mal, de certo ou errado, de isso ou aquilo.

Eu, no silêncio das noites em claro a ouço lindamente cantar:

 - Insana sensata menina mulher, me liberta de ser o que um outro sonhou, me expurga de dentro de ti.  Deixa-me viver no palco, onde a vida é intensa e sublime, onde estive outrora pelas histórias, pela presença, pelo presente estar...é lá o lugar meu e seu de realizar a intenção, a busca, a meta de estar a serviço de viver, o Ser, ali, deixa de existir...

Ao contrário do que julgam muitas línguas e outros tantos olhos alheios, a atriz que mora em mim é a parte mais generosa que já conheci, ao abandoná-la me perdi de vista, acordei em sonhos desconhecidos, nos labirintos que me perturbavam nos poucos pesadelos da infância, nos quais sendo adulta em grandes palcos da antiguidade, em gigantescas escadarias, me colocava à frente de um público imenso e ali, empedrava, faltavam-me todas  as palavras, a dramaturgia dos sonhos me desmoronava.

Sim, foram realmente existentes tais pesadelos numa época em que a menina nem sabia  que ofício seguiria, nem sabia se chegaria a crescer, pois pensava que viveria até os 18...estranhas e coerentes lembranças estas, pois foi aos dezoito que a menina ingressou a dedicar-se ao ofício sobre o qual aqui discorre...viveu de fato até os 18 e re-viveu ao iniciar com dedicação a viagem por investigações artísticas, no corpo, na mente, na alma, no coração...e tre-vive agora ao encontrar o fio que fora em outras eras, de Ariadne...

...a rocha, a flor, a criança, a mulher, pouco a pouco a sair do labirinto...

O labirinto de sonhos alheios, erguido dentro da caixinha do Ou, profundo, apavorante, triste e abandonável.

Espécie em extinção

Se o céu e o mar e as árvores, as estrelas, a lua, o sol, as flores todas, se a Terra tivesse ombros ergueria diversas vezes aos homens, em menosprezo e despreocupação.

As espécies se extinguem, o planeta permanece...



Maré

Amor ao mar!

Lançar âncoras ou navegar?

Poema ao luar!

Remem, remem...até alcançar!



domingo, 10 de outubro de 2010

A casualidade faz arte às vistas do artista...Crônica de uma realidade criativa.

Odiei Gullar no duelo concretista, eu adolescente, nem bem o conhecia, ele carioca, os campos paulistas...terra da garoa, querida...e só, insensata rebeldia, pequenice de quem sabe menos que nada da vida e se pensa o centro do mundo...tolices de quando em quando...do enquanto se cresce...hoje, descobri em Ferreira Gullar o traçado do meu próprio trilhar, um caminho que eu mesma sigo e irradiei ao saber dele tais inspirações criativas...

A poesia copia o indisível da vida bem apreciada
e só ela importa mais que o poema.


 Hoje em alguma parte alguma relembrei:
 "Não quero ter razão
eu quero ser feliz."

Obrigada, Gullar, por persistir no poema
por resistir, o poeta.



Agradecimentos:
Ao jornal O Estado de SP pela publicação de uma entrevista sobre o prêmio Camões de Poesia.
À revista BRAVO! pela matéria que me fez revisitar Gullar, na revista deste mês.
Ao amigo querido que me presenteou com a edição da revista.

Haja vista o coração, processo criativo e produção, Ah, não, é só um pouco de vida mesmo.

A vida, poesia constante, descoberta a pouco, quando enfim mastiguei o medo
abri a caixa dos segredos e rimas da infância, quando saltaram todos dalí para fora, vi brotos, ramos há tempos abafados, coloquei-os diante da janela, postados ao sol, com água e boa prosa, inevitavelmente postaram-se a crescer...


haja palavra
haja poema
para tanta inspiração

haja tinta
haja pena
haja vista o coração



sábado, 9 de outubro de 2010

Primeiro o poema, depois, talvez, a lógica. Para Ferreira Gullar, com carinho poético.

intuitivamente
inspirei                     -me
                                       em

Gullar

Com gula de encantar-me       embeveci,
viciei em poesia
dois litros por dia

sem métricassimétrica
bel desejo da expressão,
o papel disposto, a tinta posta
a. me salvar de internação

pós linguagem
 post esia e cia
   seria louca se não escrevesse

a poesia me regenera
o poeta me permite acreditar  
                                                        em algo que não se vê.


quando eu morrer não serei pó nem ao pó retornarei
serei poesia e no verso a vida será eterna.



Para Vinícius de Moraes com encanto

A vida é a arte do encanto,
pena que haja tanto desencanto pela vida...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Será que é preciso saber?

Memória...do amor pelas reticências e da não necessidade de Ser, do estar junto ainda quando distante...do desejo, do hoje, da busca, do silêncio repentino, do olhar marcante, do traço firme, do divagar...como um amigo encantador....eterno no que um dia representou...não sei mais coisa alguma a seu respeito, será que ainda lava as orelhas, do mesmo jeito?

A única coisa que me prende a ti é essa lembrança que insiste em ficar guardada no meu bolso esquerdo, diriam ser amor, já que pode ser eterno além de enquanto dure. Se eu te amo? Caso façam a leitura do amor como necessidade de te ter, diria não; caso saibam do que falo, ao menos aos que sabem de onde vem o brilho dos meus olhos, por que simplesmente sabem como sou...diria ter amor pelo vivido, saboreado, pelo reconhecimento de algo essencial, pelas descobertas intensas a respeito de ser, de estar e de compartilhar, que fizemos juntos, diria que não se pode amar alguém se esse alguém não faz mais parte de você, amo tudo o que representa você em mim, bem como o que, haja vista, outros representam.

Nas relações diárias, passageiras e nas afetivas, aprendo como alimentar a roda da vida, amo o que nos proporcionou aprender, simplesmente por compartilhar comigo, amo saber que um dia fomos tanto um do outro que parte disso não se desprenderá jamais...au revoir...

Ao  πρώτη αγάπη μου , ao իմ երկրորդ սերը  and all the love that comes. Fleetingly and
forever.


Memória distante

Ao Amigo que hoje conheço mais que a palma de minha mão, cada gesto e cada sorriso, como ao choro de um filho...

Lua Adversa:
Tenho fases como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de der tua, 
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(Tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

(Cecília Meireles)

Por nosso amor universitário, vivido intensamente, com toda delícia, com toda malícia, seus rancores, seus prazeres...pelo ontem e pelo hj...por termos lambido os dedos e nos fartado e suspirado e gritado...por nosso desabrochar no cultivo da vida...meu coração te guarda!

Clarões

Existe sempre uma viela florida por onde se pode caminhar, mesmo na mais densa e escura selva.






Gruta e Teatro Municipal de Limeira,  vistos do Edifício são Francisco, na Praça Toledo de Barros em 09 de julho de 2010.




quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Seus relacionamentos funcionam?

Dia de Anica indica, idéias e relacionamentos: 

"O que é um relacionamento que "funciona"? Afinal, existe algum critério objetivo para avaliar" [...] Leia mais em Liberal Libertário Libertino .


" Todos aqueles que porventura conheceram um casal com relacionamento aberto acabam por admirá-lo, por seu desprendimento, desapego e emoções bem resolvidas." [...] Leia mais em Cracatoa Simplesmente Sumiu  !


"Suponha que você venha a se relacionar com uma pessoa que já está em um relacionamento " [...] Leia mais tembém no Cracatoa


"A sexualidade de hoje está intimamente ligada ao conceito de traição. Ter um contato sexual fora do relacionamento é considerado traição,  mas será que precisa ser assim?" [...] Saiba mais no site do Marco Carvalho .

"A pergunta central aqui é: como manter a liberdade em meio aos relacionamentos amorosos?" [...] via  Julia Rodrigues , que indica um blog muito bacana do Gustav Gitti, o não dois, não um , ele também está no Papo de Homem, como editor de conteúdo.



Tem muita diversão por aí, deleite-se!






Florescer ou de volta ao poema nosso de cada dia

Despertei assim, algo mais acordou-se em mim.
Inspirei, floresci, silenciei...
Uma voz disse que são passarinhos no coração.








terça-feira, 5 de outubro de 2010

Como aprender o pulo do gato ou uma gota de água já não é a seca.

Acordei inteira, enérgica e feliz, após uma eleição como nunca se viu, cá em Brasil. Nossa nação já passou por poucas e ruins, e muito ruins, sem que houvesse opção, antes da aclamada democracia, há pouco, minha mãe mesmo esteve em meio a situações políticas escabrosas e declaradamente anti-humanas.
Questiono: será que a tal demo-cracia é potencialmente mais forte que a estratégia publicitária que a contrói?
Na situação político-econômica corrente, vejo sim quesitos favoráveis bem como seus opostos, afinal, na transformação contínua, no giro da grande roda, os prós e os contras estarão vivos e modificando-se a todo instante, os últimos serão os primeiros, a esquerda vira direita, alguém ganha e outro perde, assim se faz e refaz o nível das concretudes, fisicamente não ocupamos um mesmo lugar no espaço visível, não é? Mas lembro-me sempre, fi si ca men te.
Acordei, como dizia, com tantas palavras e opiniões, sensações pulsando com firmeza dentro do adulto ser que mora em mim, contente e satisfeita com essa constelação de suposições que vieram visitar meus sonhos.
Avistei lá, os pequenos grupos que fazem mundos melhores nestas ocasiões, pequenos países gregários, onde a colaboração entre os agregados antecede à competição entre o ser e o sistema vigente…acordei com essa, exato nestas palavras…sim, vez ou outra eu sonho com palavras, que imperam em meus pensamentos, até que eu as permita morar em um página, cada uma com as vizinhas que elas mesmas escolhem ter…

Sejamos todos generosos com aquilo que a nós "dá certo", compartilhemos as táticas funcionais com nossos semelhantes, um dia me disseram que o "pulo do gato" não se ensina, esqueceram-se de que aprendizado é além livro, além palavra, além som, cognição é vivencial, emoção e constatação, emoção e constatação, para tanto, convívio e relação.
Deseje apreender o melhor modo de entrar no jogo e brincar sem magoar-se ou só um pouco, porque as vezes é inevitável.
Open your mind, dê atenção às pessoas com quem compartilha seu pequeno país, congregue suas experiências alegres, as que o motivam a continuar, apesar de tudo.
Os melhores amigos são aqueles que aprendem a ser pessoas melhores e mais felizes, uns com os outros; aprendem e ensinam, não pela didática, mas pelo ato de ser inteiro, de no convívio compartilhar generosamente tudo aquilo que lhes faz bem ou mal (aí se aprende por exclusão).
Os que expargem em seus modos o "como" agir, para os quais os "porquês", são consequências, ensinam agindo, estando, fazendo, errando também, mas declaram-se estando e vivendo o que há, são seres relacionais, intensos, compartilhadores do próprio ser/estar, não justificáveis, justificantes...justificativos...agir, avaliar, transformar, agir, avaliar, transformar, agir, avaliar, transformar, agivalimar, ao mar, continue a nadar, a correnteza nunca pára...

Os porquês, são consequências. Pense nisso! Vou pensar também, afinal, 'tudo não passou de um sonho bom'…ainda…e quem sou eu pra dizer no que você deve pensar...sou apenas essa, que vos escreve...



Os sonhos vão muito além do que se pode transmitir com palavras, mas uma gota de água já não é a seca.

sábado, 2 de outubro de 2010

Não chores que eu vou voltar…

Sabiá disse um dia à menina, que voltaria, Nina cresceu tendo o canto do voador fujão guardado na caixinha de memórias alegres. Lembranças cheias de avezinhas a dessa menina-moça, que encontrou dia desses a Mamãe Sabiá protegendo seus ovinhos num pequeno vaso de barro pendurado à parede de um jardim vertical, daí que em pouco tempo nasceram três filhotinhos pelados e famintos. Em alguns dias já estavam cobertos de penugens cinzesbranquiçadas, olhinhos arregalados e atentos aos vôos da mãezinha, les triplets du jardin,  os trigêmeos Sabiás logo estarão colocando as asas à prova, sendo empurrados do ninho pela sábia mamãezinha, alçados à liberdade de ir e ir...porque tem coisas que nunca voltam.
Menina-moça soube sempre que Sabiá voltaria, Sabiá cresceu, Sabiá multiplicou, Sabiá voltou...

Semana passada avistei os little Sabiás que nasceram dentro do vaso, na casa do meu padrasto, uma semana antes ele havia me mostrado que a Sabiá fez alí um ninho e botou 3 ovos. Aí está o pequenino espertalhão, vencendo à força seus dois irmãos, bico à postos pra comidinha que a mamãe vinha trazendo.