sábado, 25 de dezembro de 2010

Todas as cartas de amor são ridículas?

...
Aproveita o maresia da saudade pequena, deita em sombra fresca e busca o ritmo sereno do coração, aquele que mantém nossos olhos brilhantes e o largo sorriso desapercebido...aproveita o silencio do sol da manhã, o continuo zunido do mar, a saudade de pluma que o cair da tarde traz, vive os instantes só seus, intensa e alegremente, como faço por aqui, espero vivendo, o momento de te reencontrar...

Beijos longos, desde aqui, até breve, meu amor.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Da arte de viver

A poesia literária está escondida, envergonhada da vida,
que de tão poetizada, superou a poetiza...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Luz e sombra

...na poltrona, depois da chuva, ouvindo o relógio, a geladeira, alguns pássaros distantes, um cão a ladrar e pensamentos que não querem calar,
pensamentos de luz e sombra, memórias de céu e mar, desejo de te abraçar...



Luz e sombra em salvador, dez de 2010.




Ensaio sobre a ternura


As vezes só é necessário o silêncio,
o silêncio ao seu lado,
ao seu lado olhar estrelas.


As vezes a gente acorda querendo que o mundo emudeça,
um só dia mudo da profusão informativa,
dia para apreender somente o arredor.

Dia de degustar a silenciosa ternura dos teus olhos a me observar, nada mais...

ARocha
14/12/10

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Os dias amanhecem em clave de sol

Nua 


Noite
   nubladaNegrAcinzentada
Estrada


cheiro da chuva encruada
farta ventania 
manhã ritmada
...
Revoa
...
Pousa
...
En.canta


...............silenciosa passarada.




Amanhecem singularidades diante das minhas pestanas, ontem um pedaço de céu cinza escancarou suas ventanas para o fogo raiado, o pincel de luz veloz fez tingir certas cores  nos vãos dos vapores suspensos da atmosfera, laranjAvermelhado...cinzAzulado...amarelo-carmim... assim, em vivazes cinzeladas, luz e vento, a poética do movimento à vista traz forma, singelamente transforma tristeza em contente, temor em bravura, suspense em contemplação.
Com delicadeza intensa pouso meus olhos nos varais postos em postes sequenciais, descanso o olhar no instante presente... como fazem os alados pequeninos...acordam devagarinho, voam em companhia a observar o despertar da natureza, revoam e repousam em silêncio, ouvindo o ar assoviar nos tons da clave solar.
Quando o sol sacia seu espreguiçar, dançam aos pares os passarinhos, repousam no peito uns dos outros, beijos bicadinhos, carícias nas penugens do cocuruto...ases alados...indivíduos de grande valor e preponderância estas aves pequeninas.

O tempo pouco passa e parece tanto...inspiro profundo...vi ou vivi uma vida num piscar...ternura...carinho...cuidado ao cultivar...cativar...sintonia...sinfonia a ecoar... 

Olhar além torna o momento presente ainda melhor, na plenitude de quem vivencia o hoje, aprecia o ontem e inventa o amanhã, levanto um vôo diferente a cada dia.

Hoje, acordou em mim um novo encantamento, alheio às paixões imprecisas, desbocadas, extravasadas, d'antes com furor apreciadas.

Fez-se afetiva Alvorada...

Primeira claridade da manhã.
Canto das aves ao amanhecer.
Brisa diante do mar...

Claridade que precede a escuridão da noite...
Escuridão que precede o clarão do dia...
Flor que surge por sobre um ombro...pequeno assombro...

Um vôo diferente por dia, porque a cada manhã os sentidos se revelam mais extensos; os objetivos mais próximos; os detalhes mais precisos; o desejo maior, mais intenso

                                           e algumas pessoas, encantadoramente, mais preciosas...































Limeira em 08 de dezembro de 2010, às 5:45.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Quando a porca torce o rabo,

Quando a porca torce o rabo,
o porco espinha,
a paca se pinica,
o toco come quente.

A porca que se estrumbique pra fazer desse repique um samba de fim contente.

Quando a porca torce o rabo,
trêss tigres tristes comem seus três pratos de trigo torto,
em silêncio profundo.

A porca que dê seus pulos pra fazer dessa tormenta um bom copo de água benta.

Enquanto a porca torce o rabo,
el perro - sin rabo - chora sentido,
marcha soldado cabeça de papel
tropeça no ginete e vai direto pro quartel.

Sim, até Senhor Capitão,
espada na cinta,
chapéu na mão,
enamorado de Pombinha Brancaquestáfazendo,
aquele que cuspia no chão.

Todos se comovem com a coitada da porca de coração emotivo.

Quando a porca torce o rabo não se ouve um piu, um só ruído, não se vê um grão, nem se move uma só palha no vendaval de sertão.

A porca que se ajeite pra fazer deleite desse aleijão.

Ela que se arremate pra fazer fel azedo virar chocolate.

Uni duni tê, salamê minguê,
a porca torceu o rabo,
o escolhido foi você,
prepare a armadura e aqueça um caldo pra comer,
barriga alimentada deixa forte e faz crescer.

Quando a porca torce o rabo,
a coisa é pega pra capar,
não sobra quem conte a história,
nem quem fique pra ajudar.

A porca que se contorça pro seu rabo desentortar.




Enviado via iPhone

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A calada da noite calando o dia...

...o sol se pondo ao sussurro do barro, da terra, da linha do horizonte d'onde o mundo por vezes acaba...medito...lendo meus quase não pensamentos, vem um poeta assoprar-me práná...contemplo o céu a findar a tarde e a lembrança de palavras desatadas...percebo o som do calar da noite calando o dia...ouço uma alegria flutuar no coração...tateio a trama fina da saudade de quem sabe ser feliz...



E segue assim...in continuun, o sussurro que presente então, se fez...

"
Deus disse: Vou ajeitar a você um dom:
Vou pertencer você a uma árvore.
E pertenceu-me.
Escuto o perfume dos rios.
Sei que a voz das águas tem sotaque azul.
Sei botar cílio nos silêncios.
Para encontrar o azul eu uso pássaros.
Só não desejo cair em sensatez.
Não quero a boa razão das coisas.
Quero o feitiço das palavras.


Sentado sobre uma pedra estava o homem desenvolvido a moscas.
Ele me disse, soberano:
Estou a jeito de uma lata, de um cabelo, de um cadarço.
Não tenho mais nenhuma idéia sobre o mundo.
Acho um tanto obtuso ter idéias.
Prefiro vadiagem com letras.
Ao fazer vadiagem com letras posso ver quanto é branco o silêncio do orvalho.


Levei o Rosa na beira dos pássaros que fica no meio da Ilha Lingüística.
Rosa gostava muito de frases em que entrassem
pássaros.
E fez uma na hora:
A tarde está verde no olho das garças.
E completou com Job:
Sabedoria se tira das coisas que não existem.
A tarde verde no olho das garças não existia mas era fonte do ser.
Era poesia.
Era o néctar do ser.
Rosa gostava muito do corpo fônico das palavras.
Veja a palavra bunda, Manoel ela tem um bonito corpo fônico além do
propriamente.
Apresentei-lhe a palavra gravanha.
Por instinto lingüístico achou que gravanha seria um lugar entrançado de espinhos e bem
emprenhado de filhotes de gravatá por baixo. E era.
O que resta de grandezas para nós são os desconheceres – completou.
Para enxergar as coisas sem feitio é preciso não saber nada.
É preciso entrar em estado de árvore.
É preciso entrar em estado de palavra.
Só quem está em estado de palavra pode enxergar as coisas sem feitio."


Manoel de Barros. IN: Retrato do Artista Quando Coisa. 

Sala da Unidade Itapuã, em Salvador.
05/12/2010-intervalo do Curso de sânscrito ...



quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Anoitece na estrada invisível

Entre uma curva e um acalanto
O manto vermelho veste o fim de tarde
Faz-se encanto…


Terra e mar
Sol e pranto
Verso e carícias


Texturas de um jardim inenarrável
... gérberas, rosas e jasmins
Perfume indefectível das damas de entre crepúsculos,
anunciadas pelos clarins...


Cabelos esvoaçantes,
bailam em noites quentes,
trigueiras, alvas e rubras,
com mãos de fadas 'bruxis'.


Estas mulheres, ardentes, febris,
são as sereias do céu,
brincando com os guris,
hipnotizam com seus véus nuvenianos,
os homens que sofrem de saudade.

Pousando em Salvador, 02/12/10 - 18:45.